Vários amigos mais chegados haviam sem dúvida antecipado este facto há muito tempo. Em vão resisti (com ocasionais machucos do coração) às chamadas de atenção mais cuidadas quanto à minha óbvia escandinavificação. Porém, neste momento, nesta hora, não pretendo socorrer-me de qualquer subterfúgio. A idade suplementa-nos a paladar lúcido que a felicidade dilui.
Não resisti, eis tudo.
De nada me serviram, portanto, as grandes leituras, a experimentação do mundo, etc.
Que bizarria à luz deste dia as rasuras rápidas nos muitos cadernos moleskine -- em busca das palavras certas que capturassem a minha alma? Para quê?!
(Desenvolver uma barba -- que parvoíce pouca comparada com a aquisição de um termos! )
A verdade é que a economia venceu, como vai vencendo sempre. Não creio que vá sobrar mania, gosto mais exótico, ou mera apreciação subjectiva, perante o esforço persistente e paciente da voz calculosa e fria da razão económica. No presente caso é certo que a sua amplidão e gravidade foram catapultadas pelas flutuações recentes do câmbio do euro face à libra esterlina e por um pronunciado balanço do coração para os altos preços da península dinarmarquesa. A popularidade inexplicável do café de italiano torrado de saqueta como principal processo de cafeinização dos membros do departamento desferiu o golpe fatal.
Em suma, não se trata de uma batalha perdida, mas da rendição inapelável ao termos e do regresso inadiável a um observante escutismo.
D.
Vários aspectos das suas vidas se associavam à cor azul. Para começar, o fumo denso que, como serpentes, subia dos seus cigarros para o tecto da divisão da casa. Depois, vários indícios foram lentamente emergindo, como bolhas de ar num denso molho em preparação. Primo, a melodia que A. escutava na telefonia. Secundo, o mostrador do relógio de pulso que T. acabava de estrear. Tertio, a face estupefacta de D. Na manhã seguinte as autoridades punham em curso uma nova investigação.