Vários aspectos das suas vidas se associavam à cor azul. Para começar, o fumo denso que, como serpentes, subia dos seus cigarros para o tecto da divisão da casa. Depois, vários indícios foram lentamente emergindo, como bolhas de ar num denso molho em preparação. Primo, a melodia que A. escutava na telefonia. Secundo, o mostrador do relógio de pulso que T. acabava de estrear. Tertio, a face estupefacta de D. Na manhã seguinte as autoridades punham em curso uma nova investigação.

Breve réplica

Caro A., a minha inquietação com a visão de Cildo Meireles não vai além do nome do seu autor. Quem se propõe a discorrer sobre a arte talvez devesse começar por se nomear doutra forma, concordarás. Cildo?!

Ao contrário do que sugeres, a ideia de arte-ciência que descreves não é empírica, mas ideológica. Cildo tem uma ideia do que pode/deve ser a arte ou a experiência estética no futuro; não oferece uma descrição da experiência estética vivida pelos seus contemporâneos.

Tenho muitas dúvidas que essa ideia venha a materializar-se. Porém, se quiseres continuar esta conversa, importaria que fosses mais claro sobre essa ideia de arte, e que a ilustrasses com exemplos, mesmo que hipotéticos.

Quanto à minha experiência individual, sou totalmente a favor da arte patológica!

D.