A arte patológica não me interessa. Um traço realizado de uma maneira única, passível de ser produzido num único momento por um único indívíduo é uma arte que não me interessa. Para mim a arte precisa ser uma contribuição. Pode por vezes ser um abrir de portas, para que outros então se apropriem dela, a prossigam, a continuem, como um processo ou um edifício.
Uma visão inquietante, caro D.?
Nem tanto. A arte, bem como a moral, não sobreviverão ao declínio da Humanidade.
A.
A frase é uma transcrição livre de Cildo Meireles, no documentário Cildo (2008), de Gustavo Moura. Ressonante da noção kantiana de ciência induz à discussão do empirismo na arte.
A nova era da arte está firmada em um empirismo global e diletante e por isso seletivo e rápido como nunca antes. Esta seleção natural da arte privilegia o 'efeito sobre mim', traz desafios para o medium, mas pode muito bem ter uma contribuição maior para a consciência humana.
A arte ciência é googlável, especializada, segmentada, em comunicação, em troca. Alcança a alma dos homens sem estar limitada a meio, ancestralidade, conjuntura. A arte ciência é política.
A arte se liberta do super-artista, do homem em milhões, de dons únicos, de técnicas especiais e especializadas. E o substitui pela intervenção da massa. É essa a revolução, pressentida e descoberta por Duchamp e Beuys, que a nova era de redes neuronais permite. A livre e caótica associação dos milhões produzindo para cada indivíduo. Um processo multiplicado por milhões, por décadas. A arte não mais cabe em museus e galerias. Os espaços de consulta e arquivo são meros gabinetes de curiosidades. Nenhum homem se pode afirmar acima da arte, ela é maior, mais ampla, mais veloz. Ela espelha a humanidade.
As taxonomias estão caindo e a análise evoluindo para a antologia de momentos significantes e contribuições definitivas. A hermenêutica do sentir será o novo conceito de arte. A cronologia da história da arte será substituída por uma sucessão sem antes ou depois de grandes momentos da partilha do alter-humano. O exercício de super-curadores, que se antecipa já, cruzará todas as artes, na libertação de movimentos, categorias e médiuns.
A arte ciência é googlável, especializada, segmentada, em comunicação, em troca. Alcança a alma dos homens sem estar limitada a meio, ancestralidade, conjuntura. A arte ciência é política.
A arte se liberta do super-artista, do homem em milhões, de dons únicos, de técnicas especiais e especializadas. E o substitui pela intervenção da massa. É essa a revolução, pressentida e descoberta por Duchamp e Beuys, que a nova era de redes neuronais permite. A livre e caótica associação dos milhões produzindo para cada indivíduo. Um processo multiplicado por milhões, por décadas. A arte não mais cabe em museus e galerias. Os espaços de consulta e arquivo são meros gabinetes de curiosidades. Nenhum homem se pode afirmar acima da arte, ela é maior, mais ampla, mais veloz. Ela espelha a humanidade.
As taxonomias estão caindo e a análise evoluindo para a antologia de momentos significantes e contribuições definitivas. A hermenêutica do sentir será o novo conceito de arte. A cronologia da história da arte será substituída por uma sucessão sem antes ou depois de grandes momentos da partilha do alter-humano. O exercício de super-curadores, que se antecipa já, cruzará todas as artes, na libertação de movimentos, categorias e médiuns.
Instead of explaining our propensity to expect regularities as the result of repetition I proposed to explain repetition-for-us as the result of our propensity to expect regularities and to search for them... Without waiting, passively, for repetitions to impress or impose regularities upon us, we actively try to impose regularities on the world. Popper
Uma visão inquietante, caro D.?
Nem tanto. A arte, bem como a moral, não sobreviverão ao declínio da Humanidade.
A.