A partida de Ílion
Ainda rapazes...
O sol novo da primavera batia
sobre a vigia austera das grevílias
e escura a água assobiava pelo canteiro.
Buscavam a lonjura do lar.
O puro desejo da partida.
Pois disputa não havia.
Nem Briseida que disputar.
Era a ânsia veloz das corridas
Labirínticas na gare de Algés
rumo ao comboio e ao Estoril.
E ao entardecer, pautadas
pela incendiada verdura
Dos pinheiros mansos,
Longas caminhadas em silêncio
Entre a alva calçada e o céu cerúleo.
Antes houvesse Ílion, companheiros.
Uma rapariga chamada Helena.
Combates vários, sangue
deusas e deuses
sobre-humanos suspensos no ar.
Penélope, quem quer que fosse,
que me esperasse na nova alba,
e a prole, distinta, furtiva ao denso pó.
Amplas não eram apenas as portas
nem altas somente as muralhas
eram-no os dias infinitos na planície
e as manhãs junto às naus recurvas.
Escrito em Bristol, no dia 15 de Abril de 2010.
D.