Vários aspectos das suas vidas se associavam à cor azul. Para começar, o fumo denso que, como serpentes, subia dos seus cigarros para o tecto da divisão da casa. Depois, vários indícios foram lentamente emergindo, como bolhas de ar num denso molho em preparação. Primo, a melodia que A. escutava na telefonia. Secundo, o mostrador do relógio de pulso que T. acabava de estrear. Tertio, a face estupefacta de D. Na manhã seguinte as autoridades punham em curso uma nova investigação.

Hava nagila

No mês de Agosto de 2008, A., V. e W., três solteiros rapazes à altura, embarcaram em direcção à península balcânica em busca de aventuras e bacanais. Na bagagem levavam todos os itens indispensáveis a duas semanas de paródia e camaradagem. Contudo, estavam falhos de um ingrediente fundamental para tão agitadas paragens. D. havia pago a passagem para os Balcãs (um compromisso firmado em sangue), mas na hora h o dever clamou mais alto e o dedicado rapaz ficou em casa a estudar. A viagem foi rica e inesquecível, mas anos depois a falta de hava nagila, de jewish power, ficou por demais evidente.

Saudades vossas, meus putos. Hava nagila!


D.