Vários aspectos das suas vidas se associavam à cor azul. Para começar, o fumo denso que, como serpentes, subia dos seus cigarros para o tecto da divisão da casa. Depois, vários indícios foram lentamente emergindo, como bolhas de ar num denso molho em preparação. Primo, a melodia que A. escutava na telefonia. Secundo, o mostrador do relógio de pulso que T. acabava de estrear. Tertio, a face estupefacta de D. Na manhã seguinte as autoridades punham em curso uma nova investigação.

Mãe de Santo

Cheguei ao Hotel O. em C, no R. Na recepção do piso térreo informaram-me que, como cliente Corporate, deveria fazer o meu check-in na suíte 2701. A Estela estaria me recebendo. Subi no elevador e encontrei a suíte. Lá dentro estava a Estela. Alta e volumosa, simpática sem sorrisos. O barulho do mar sempre no ambiente.
- Disseram-me lá em baixo para fazer o meu check-in aqui.
- Sr. A.? A N. ligou-me a avisar que o Sr. estaria chegando. Posso oferecer-lhe alguma coisa, uma água?
- Obrigado, estou bem.
- Está aqui a sua reserva, dê-me um momento para fazer o seu cartão.
(...)
- O Sr. trabalha na B.?
- Sim, conhece?
- Há muita gente da sua empresa ficando aqui. Conheço-os bem. Tenha cuidado com as más influências. Boa noite.

A.