Não sei ainda o seu nome, mas ouvi-a cantar (voz e guitarra acústica) uma
música dos Cranberries (Linger) que fez muito sucesso em meados
dos anos noventa e que, anos mais tarde, a Mega FM conseguiu reduzir a pó
graças à sua transmissão ad nauseum.
Este apetecível momento estético (tem uma voz meiga, um delicado e neutro sotaque
e articula as frases como quem conhece aprofundadamente o seu sentido) aconteceu
ontem à noite, no que parece ter sido um programado serão de improviso no vosso
já adorado Robin Hood.
Um rapaz de óculos (bastante afável para os padrões britânicos) cantou um
tema do David Bowie (Ziggy Stardust) que eu só conhecia
através da cover em português de Seu
Jorge e uma versão algo inexata de Creep,
dos Radiohead.
Dada a eficácia alcoólica da Vedett
Extra Blond, experimentei uma impressão estética inusitada ao escutar
canções do Bob Dylan e, entre outras coisas para crescidos, descobri que
também posso ir à bola com David Bowie.
No meio desta nuvem de acontecimentos, houve um tipo (que utilizava o
banheiro ao mesmo tempo do que eu) que, após ter observado o meu esgar de
satisfação enquanto secava as minhas sedosas mãos no inefável secador (vide
imagem à direita), comentou que este aparelho proporcionava algo semelhante a uma
experiência religiosa; opinião que de imediato logrou a minha concordância.
Ao caminhar rumo a casa recordei um dos gags
mais curiosos do último filme de Woody
Allen (Whatever Works); aquele em que o
físico Boris canta a si mesmo um Happy Birthday cada vez que lava uma das
suas mãos. Tentei estabelecer uma relação de associação com o meu episódio nos
lavados do Robin Hood, mas, talvez em razão da exponencial eficácia da Vedett Extra Blond, desisti da empresa perante
as primeiras adversidades.
D.