Estou na estação. Neste canto as luzes estão fundidas, menos duas que piscam. A plataforma está deserta e eu olho as manchas de óleo no chão. Fecho os olhos e sinto.
O vento quente sopra de onde vai chegar o último metro da noite. Atrás de mim, na parede, escorre água e eu não quero ver a cara da Júlia “não és tu que eu quero para mim”. A cada vez sinto a mesma dor como se fosse nova. Sinto os pulsos e as veias dos braços como se estivessem coladas aos ombros.
Os olhos ardem-me. Porque não durmo. Ou as luzes brancas e o computador. Ou o choro. A Júlia. Os olhos ardem-me.
A.
O vento quente sopra de onde vai chegar o último metro da noite. Atrás de mim, na parede, escorre água e eu não quero ver a cara da Júlia “não és tu que eu quero para mim”. A cada vez sinto a mesma dor como se fosse nova. Sinto os pulsos e as veias dos braços como se estivessem coladas aos ombros.
Os olhos ardem-me. Porque não durmo. Ou as luzes brancas e o computador. Ou o choro. A Júlia. Os olhos ardem-me.
A.