Vários aspectos das suas vidas se associavam à cor azul. Para começar, o fumo denso que, como serpentes, subia dos seus cigarros para o tecto da divisão da casa. Depois, vários indícios foram lentamente emergindo, como bolhas de ar num denso molho em preparação. Primo, a melodia que A. escutava na telefonia. Secundo, o mostrador do relógio de pulso que T. acabava de estrear. Tertio, a face estupefacta de D. Na manhã seguinte as autoridades punham em curso uma nova investigação.

Uns mais sabichões que outros

A páginas tantas do romance histórico A Corte do Norte, Agustina Bessa-Luís diz-nos que uma personagem qualquer (não creio que se tratasse da personagem principal, Rosalinda, Baronesa da Madalena do Mar) se refugiava do mundo para evitar competir e escolher. É difícil fabricar uma fórmula mais sucinta para descrever o objecto da ciência económica: aquela parcela da realidade (o mundo dos adultos?) que consiste na interacção de vários indivíduos buscando finalidades distintas e competindo por recursos escassos.

Alguns de nós zarpam de casa e correm o mundo na ânsia de conhecer a realidade; outros ficam sentados no poial e meramente a observam. Parece-me que estes apreendem-na melhor.

D.