A presente edição do Mundial de Futebol tem sido uma fonte segura de frescos momentos futebolísticos. Com tempo procurarei dar conta deles neste marginal espaço internáutico. Por este instante, analisemos três deles.
No jogo que opôs as seleções argentina e mexicana, Carlitos Tevez protagonizou três momentos de elevado quilate.
O meu favorito é a celebração do primeiro golo (em posição irregular, é certo; mas que importa?...). Naquele jeito hiper-energético de se mexer, como se a todo o momento se pudesse entregar completamente a uma rixa num subúrbio de Buenos Aires, Tevez lança-se de joelhos e, num gesto sublime de declarada irracionalidade, coloca o emblema da Associação de Futebol Argentino entre os dentes e, sem rodeios, morde-o com voracidade. Que outro movimento seria capaz de captar as suas ganas viscerais de vencer o jogo e de brilhar na mais concorrida arena do globo?
O segundo momento é, obviamente, o líndíssimo segundo golo. Novamente a visão de uma energia transbordante, agora aliada a uma técnica apurada. Sem palavras. Depois, o seu sorriso travesso, exortando os colegas de equipa a erguer os braços e a preparar-se para o receber no ar.
O terceiro foi a sua careta (acima de tudo, uma expressão da sua incompreensão e desilusão) quando lhe notificaram que seria substituído por Martin Palermo (se a memória não me falha). Mais do que qualquer outro treinador, Diego Maradona devia saber que não se tira do campo o miúdo que mais queria jogar e ganhar.
D.
Vários aspectos das suas vidas se associavam à cor azul. Para começar, o fumo denso que, como serpentes, subia dos seus cigarros para o tecto da divisão da casa. Depois, vários indícios foram lentamente emergindo, como bolhas de ar num denso molho em preparação. Primo, a melodia que A. escutava na telefonia. Secundo, o mostrador do relógio de pulso que T. acabava de estrear. Tertio, a face estupefacta de D. Na manhã seguinte as autoridades punham em curso uma nova investigação.